Continuando a resposta ao Hugo Mendes:
Ao contrário do que o Hugo diz, não "há n casos em que só apoio público permite sair de situações que são caracterizadas por uma armadilha". Há n casos em que o poder político acha que deve intervir para seu próprio benefício. Mais uma vez, o caso das renováveis é, como diz o Hugo, "claríssimo". Das quatro grandes soluções para tentar resolver o problema das emissões (subsídios, regulação, sistemas de "cap and trade" e impostos sobre as emissões) o governo optou pelas que envolvem maior discricionariedade do poder político em detrimento da eficiência económica. Como disse aqui e aqui e também em resposta ao João Galamba, a tomar alguma medida, o governo devia ter optado pelos impostos sobre o carbono, que facilitariam simultaneamente a inovação tecnológica, obrigariam a verdadeiras alterações de comportamento pela via da internalização dos tais custos sociais, e não implicariam penalizações desnecessárias para o país. Curiosamente, não o fez. Como é que isso se explica?
Em relação a recomendações de leitura, eu contraponho o seu Dani Rodrik com um William Easterly no seu "The Elusive Quest for Growth", onde ele demonstra com clareza que os Estados, ao contrário que o Hugo diz, não aprendem. Cometem os mesmo erros que cometeram no passado, vezes sem conta. Se o próprio Hugo admite que as políticas industriais só funcionam em certas condições, porque razão o Estado não garante primeiro essas condições e só depois equaciona políticas activas?
Só para acabar, é óbvio que o governo não tem direito ao dinheiro que cobra através dos impostos. O Estado não tem direitos, só deveres.