Paradoxo
Querem-nos impor que estas eleições são apenas entre PS e PSD e a verdade é que o debate que os portugueses mais quiseram ver foi entre o Sócrates e Portas.
Curioso, não é? Dá que pensar…
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Querem-nos impor que estas eleições são apenas entre PS e PSD e a verdade é que o debate que os portugueses mais quiseram ver foi entre o Sócrates e Portas.
Curioso, não é? Dá que pensar…
- Aceitava integrar um Governo com o PS e PSD ou apenas um deles?
- Eu serei obediente aos meus eleitores. Se eu digo que José Sócrates não é um bom primeiro-ministro agora também não estou a ver que vá ser depois. E acho que a página dele tem de ser virada. E não acredito na política económica e fiscal dos socialistas. E os socialistas em matéria de segurança são francamente incompetentes. Aliás, a não percepção das questões de segurança é um fenómeno que atinge a generalidade da classe política portuguesa com a excepção saudável e honrosa do CDS."
(aqui)
À saída do debate, Paulo Portas voltou a repetir, reafirmando que se tratava de uma repetição, o que já tinha dito outras vezes, nomeadamente na entrevista a Judite de Sousa ou na entrevista ao i: Eu acho que a página de José Sócrates tem de ser virada.
Apesar disso, o meu amigo André Abrantes Amaral vê, na afirmação de Paulo Portas de que não gosta de maiorias absolutas de um só partido (já agora, pode o presidente do CDS alguma vez delas gostar no actual sistema partidário português?) uma porta para uma coligação com o PS. E alerta o eleitorado de direita para a possibilidade de o CDS vir a ser o parceiro governamental do PS.
Mas o eleitorado de direita que acredita que é mesmo preciso virar a página da governação de José Sócrates é capaz de estar bem mais preocupado ao ver o Vice-Presidente do PSD, e coordenador do Programa Eleitoral dos sociais democratas, admitir o Bloco Central, ou ao ver João de Deus Pinheiro dizer que o Bloco Central seria muito benéfico.
O eleitorado de direita que acredita que é mesmo preciso virar a página da governação de José Sócrates é capaz de estar bem mais preocupado com as lições que Cavaco Silva diz ter recebido sobre o bloco central na Áustria.
O eleitorado de direita que acredita que é mesmo preciso virar a página da governação de José Sócrates é capaz de estar bem mais preocupado com os elogios de Pina Moura e de Henrique Neto ao Programa do PSD.
Enfim, o eleitorado de direita que acredita que é mesmo preciso virar a página da governação de José Sócrates é capaz de não estar a perceber como é que um governo tão mau pode afinal ser assim-assim se tiver o muito benéfico braço dado dos sociais democratas.
Paulo Portas foi entrevistado hoje pelo I. A entrevista encontra-se disponível aqui.
Ver o PSD admitir o Bloco Central (Mota Pinto e Deus Pinheiro, com as responsabilidades políticas que agora desempenham, falam pelo PSD) mais não é do que ver o PSD afirmar que a governação socialista é assim-assim. Ou que tem remédio, desde que o remédio seja o braço dado dos sociais democratas. É pena. Porque o país precisa de algo mais do que um tempero à política socialista. E porque é mesmo verdade que a política socialista adiou o país.
Depois de o cabeça de lista de Braga pelo PSD defender o bloco central, junta-se agora o vice-presidente do partido.
E, ao que parece, Pina Moura.
Isto está lindo está.
Ainda a propósito da defesa do Bloco Central, por parte de João de Deus Pinheiro, no dia de apresentação do programa do PSD, importa esclarecer se o cabeça de lista por Braga cometeu uma gaffe ou, pelo contrário, se a escolha do mesmo para integrar as listas do partido se deveu à simpatia que o ex-ministro de Cavaco Silva, aparentemente, nutre por uma coligação pós-eleitoral entre os 2 maiores partidos.
Sabendo-se de antemão que o presidente da república gostaria de ver concretizado um entendimento entre PSD e PS, estou cada vez mais convencido de que as listas do PSD foram elaboradas de forma a facilitar a solução preferida em Belém. Dia 28 saberemos.
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