Como já aqui foi largamente demonstrado, a proposta anunciada pelo PS é, pura e simplesmente ridícula.
Na verdade, não haverá uma alma que se sinta motivada a ter um (ou mais um) filho por causa de uns insignificantes 200 euros a 18 anos de distância: ou seja, a medida é, desde logo, ineficiente, porquanto não tem - nunca poderá ter - o efeito social desejado.
Assim sendo, passará não a ser uma medida social, mas simplesmente despesa.
Despesa sem qualquer sentido mas que, uma vez contraída, dificilmente poderia ser cortada.
Mas podia não ser assim.
A atribuição de vantagens financeiras, como aqui já se deixou sublinhado e o CDS consistentemente vem defendendo, não será sequer o principal meio de incentivo à natalidade.
Na verdade, porventura mais importante, será, por exemplo, a rigidez do mercado de trabalho e a paupérrima cobertura de creches.
Sem prejuízo, admite-se que também as vantagens económicas constituam um incentivo a ter em consideração.
Mas, para que assim seja, é imperioso que aquelas se vejam, tenham significado económico, ao contrário dos “desprezíveis” 200 euros a 18 anos.
Assim, a proposta apresentada, caso previsse um montante razoável (por exemplo 5.000 euros) poderia ser apenas parcial, mal estudada, ad-hoc ou mal estruturada, mas não seria ridícula.
Porém, para que o Estado pudesse contribuir com 5.000 euros, ao contrário dos propostos 200 euros, seria necessário quebrar com o espartilho do princípio da igualdade.
Este sim é o verdadeiro problema das prestações sociais: como por meras razões ideológicas a prestação seria atribuída a toda a gente, naturalmente apenas caberia uma migalha a cada um.
Se, pelo contrário, o Estado não tivesse medo da diferença seguramente conseguiria incentivar, assim, só conseguirá gastar.
Esta é diferença fundamental que nos separa dos que estão à nossa esquerda.