Os Limites da Crítica ao Populismo do CDS (2)
Se há crítica que eu faço ao discurso do CDS, não é tanto ao seu conteúdo, mas à sua falta de ambição. É um discurso que, na minha opinião, comete o erro táctico de tentar manter uma base de apoio cada vez mais diminuta quando devia ir à procura dos que foram esquecidos pelo socialismo. Se o objectivo é realmente moralizar a maneira como as políticas públicas tratam as pessoas, o discurso do CDS devia focar-se, por exemplo, na Lei do Arrendamento ou no Código do Trabalho, áreas em que o facilitismo do discurso de esquerda impede há demasiado tempo que "Portugal avance".
Deixando o Código do Trabalho para outra altura, no caso do arrendamento o CDS devia defender muito simplesmente ou que o Estado exproprie de facto os proprietários (já que o fez na prática há décadas), pagando-lhes o valor de mercado dos seus imóveis, ou que liberalize totalmente os contratos de arrendamento anteriores a 1990, sem outras restrições para além das que estão na lei que se aplica aos contratos novos, e ajude as pessoas que eventualmente não possam suportar as novas rendas. Este sim é um subsistema que devia acabar de uma vez por todas. Isto sim seria moralizar.