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Arquivo Rua Direita

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10
Ago09

Os Limites da Crítica ao Populismo do CDS (2)

Tomás Belchior

Se há crítica que eu faço ao discurso do CDS, não é tanto ao seu conteúdo, mas à sua falta de ambição. É um discurso que, na minha opinião, comete o erro táctico de tentar manter uma base de apoio cada vez mais diminuta quando devia ir à procura dos que foram esquecidos pelo socialismo. Se o objectivo é realmente moralizar a maneira como as políticas públicas tratam as pessoas, o discurso do CDS devia focar-se, por exemplo, na  Lei do Arrendamento ou no Código do Trabalho, áreas em que o facilitismo do discurso de esquerda impede há demasiado tempo que "Portugal avance".



Deixando o Código do Trabalho para outra altura, no caso do arrendamento o CDS devia defender muito simplesmente ou que o Estado exproprie de facto os proprietários (já que o fez na prática há décadas), pagando-lhes o valor de mercado dos seus imóveis, ou que liberalize totalmente os contratos de arrendamento anteriores a 1990, sem outras restrições para além das que estão na lei que se aplica aos contratos novos, e ajude as pessoas que eventualmente não possam suportar as novas rendas. Este sim é um subsistema que devia acabar de uma vez por todas. Isto sim seria moralizar.


 

3 comentários

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    Tomás Belchior 10.08.2009

    As questões do arrendamento e do código do trabalho estão longe de ser apenas económicas. São responsáveis pela condição miserável em que muitas pessoas vivem e pelo desemprego de outras tantas. Em muitos casos são questões de dignidade que estão em causa. Tudo por falta de coragem dos nosso sucessivos governos.

    Agora, concordo que neste campo da moralização há muito por fazer. Como sabes, defendo que o Estado devia ser tão amoral nas suas políticas quanto possível, mas profundamente moral no seu relacionamento com os cidadãos. É certo que na questão do aborto o Estado está longe desse objectivo mas, por enquanto, não há grande coisa a fazer. O PS fez uma interpretação "extensiva" do mandato que lhe foi conferido no seguimento do referendo e isso é lamentável mas, nos próximos tempos, independentemente do governo, a situação provavelmente não se irá alterar grandemente. Daí achar que faz mais sentido dar prioridade política a outras áreas. Afinal de contas, também nesta questão do aborto, como em tantas outras, a parte económica é decisiva.
  • Tens razão que o Estado não tem tido coragem, já não sei se concordo que deve ser totalmente amoral nas políticas, há sempre o perigo de tornar-se imoral. Claro que deverá ser moral no seu relacionamento com o cidadão, e tens toda a razão que por falta de coragem não é. Entretanto, também deve-se distinguir medidas de raiz económica (como são a lei do arrendamento ou o código de trabalho), que têm implicações mais abrangentes (em especial implicações sociais) e e as medidas do foro "moral", ou seja os assuntos fracturantes.
    Em relação a este assunto, o papel do Estado facilmente perde o equilibro a favor de um ou outro comportamento. Com o referendo do aborto o Estado Português não só liberalizou o aborto até às 10 semanas, conforme referendado, mas acaba por financiar o aborto. Em contrapartida, esse dinheiro proveniente do contribuinte não é utilizado em prol de causas mais nobres como por exemplo o apoio à maternidade em casos de risco ou um apoio mais abrangente à natalidade. Este é o exemplo do Estado "amoral" que se tornou "imoral".
    Aqui a moralidade do Estado deverá estar implícita nas suas opções, porque de facto há acções que em termos gerais são más p. ex . o aborto) e acções que são boas p. ex . a maternidade), e o Estado deverá reconhecer estas e dar opções ao cidadão para ter um relacionamento moral com este.
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